Meditação
Antigas escrituras de tradições diversas afirmam que o objetivo final da Meditação é o que chamam
de iluminação, um estado de consciência radicalmente novo, que seria caracterizado
pela transcendência das ilusões e condições restritivas a que normalmente estamos submetidos.
Mas, enquanto a iluminação não é plenamente alcançada, podemos aproveitar
os efeitos secundários dessa prática milenar: relaxamento, apaziguamento das emoções,
melhoras na atenção e concentração, alterações benéficas no funcionamento e morfologia
do cérebro e até do sistema imunológico.
Um dos objetivos da meditação é induzir um estado alterado e reprodutível durante a
prática, com efeitos positivos e duradouros sobre o corpo e a mente. Partindo do pressuposto
de que os diferentes estados mentais são acompanhados por diferentes condições
neurofisiológicas, pode-se afirmar que a meditação induz à ocorrência de dois tipos de
alterações psicofisiológicas: mudanças no estado (temporárias) e no traço (permanentes).
As mais comuns, as chamadas mudanças no estado, são alterações de curto prazo,
que ocorrem durante ou imediatamente após a prática de meditação e se referem a alterações
sensoriais, cognitivas e de autoconsciência. Tais mudanças podem incluir esses 8 benefícios da meditação:
• Experiências de clareza de percepção e consciência;
• Sentimento de calma ou tranquilidade;
• Foco de atenção em direção ao objeto de meditação.
Algumas dessas modificações podem não estar diretamente relacionadas às mudanças
induzidas pela prática e, por isso, são consideradas “efeitos colaterais” da meditação.
Alguns exemplos incluem (TRAVIS; SHEAR, 2010):
• Profundo senso de equanimidade;
• Erradicação dos estados negativos;
• Maior consciência das percepções sensoriais;
• Maior sensação de conforto;
• Mudança na experiência de pensamentos, sentimentos e autoconsciência.
Como, no geral, a meditação envolve uma forma de treino de atenção, a função cognitiva que mais pode ser afetada pela prática é exatamente a atenção, de modo que os efeitos neurofisiológicos e neuropsicológicos da meditação sobre seus processos são os mais estudados. A literatura relacionada fornece um grande número de resultados, já que existem diferentes práticas meditativas, metodologias e desenhos experimentais. Entretanto, algumas conclusões podem ser inferidas a partir das evidências já observadas. Uma delas é que as diversas técnicas de meditação resultam em diferentes efeitos no cérebro. As atenções concentrada e seletiva, cultivadas durante as técnicas de concentração, produzem melhoras significativas em habilidades específicas como a capacidade de ignorar e se desfazer de estímulos desnecessários ou distrações (FERREIRA-VORKAPIC; RANGÉ, 2013, p. 1-113). Outros estilos de meditação cultivam uma atenção mais distribuída que, por sua vez, promove a habilidade de sustentar por mais tempo um estado de atenção e a flexibilidade de deslocá-la em direção a estímulos inesperados.